Videoconferência HTLV
1. Como eu peguei o vírus? Como o HTLV é transmitido?
A transmissão do vírus HTLV ocorre pelas mesmas vias que o vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e o da hepatite B:
a. Sexo sem preservativo com um indivíduo infectado, sendo a transmissão mais
ativa do homem para a mulher (60,8%), quando comparada a transmissão de
mulher para homem (0,4%).
b. Compartilhamento de seringas e agulhas infectadas durante o uso de drogas
injetáveis;
c. Da mãe infectada para o recém-nascido, principalmente pelo aleitamento
materno ou via transplacentária. O vírus tem sido detectado no sangue periférico,
leite e sangue do cordão umbilical das mães portadoras. A taxa de prevalência da
infecção é maior em crianças amamentadas por um período maior que 6 meses;
d. Transfusão de sangue infectado. Todos os bancos de sangue no Brasil, por
força da Portaria nº 1376/1993 do Ministério da Saúde, realizam testes para o
HTLV nos doadores de sangue desde 1993. De maneira que, o risco de
transmissão por esta via, é quase que inexistente em nosso país, nos últimos
anos.
2. O método de quimioluminiscencia (CMIA) é confiável para o diagnóstico
da infecção pelo HTLV?
O método de quimiluminescência (CMIA) assim como ELISA são utilizados como
testes de triagem para o diagnóstico da infecção pelo HTLV. Ambos testes são muito
sensíveis. Entretanto, podem ocorrer resultados falso-positivos. Por este motivo,
resultados positivos necessitam de confirmação. Os testes confirmatórios são mais
específicos, além de discriminar se os anticorpos são contra o vírus HTLV-1 ou contra
HTLV-2. Os testes Western blot ou teste molecular (PCR) para HTLV devem ser
realizados para a confirmação diagnóstica. Portanto, é importante destacar que
nenhum indivíduo pode ser considerado infectado pelo HTLV-1/2 com base apenas
no teste de triagem, sendo necessário a confirmação.
3. Se um portador do vírus for doar sangue, o exame acusa a infecção?
Sim através do exame de sangue específico para anticorpos anti-HTLV-1/2. Caso
o teste de triagem (em geral, quimiluminescência ou ELISA) seja reativo, torna-se
necessária a confirmação e diferenciacção dos anticorpos anti-HTLV-1 e anti-HTLV2 através de testes sorológicos (Western blot) ou molecular (PCR). De acordo com a
Portaria nº 1376/1993 do Ministério da Saúde, toda amostra de sangue deve ser
testada para HTLV-1/ 2, além de hepatite B, hepatite C, sífilis, chagas, HIV 1 e 2 em
todos os hemocentros do país, cujo objetivo visa a proteção do receptor desse
sangue.
4. Existe a possibilidade da pessoa ser portadora do vírus, ir doar sangue e
o exame dar não reagente?
O exame utilizado para o diagnóstico da infecção pelo HTLV em banco de sangue
é um teste muito sensível, o que faz com que a possibilidade de um indivíduo
infectado ter um resultado negativo seja extremamente reduzida. No entanto, em
algumas situações raras, isso pode ocorrer, como, por exemplo, em indivíduos com
infecção recente.
5. Tem como saber se eu sou portadora do HTLV-1 ou do HTLV-2?
A maioria dos indivíduos infectados pelo HTLV não apresenta sintomas da
infecção durante toda a vida. No entanto, o HTLV-1 está associado a diversas
doenças, como por exemplo leucemia (mais especificamente, a leucemia de células
T do Adulto, ATL), doença neurológica crônica (mielopatia associada ao HTLV-1/
paraparesia espástica tropical, HAM/TSP), doenças de pele (dermatite infectiva),
doenças nos olhos. Como a infecção pelo HTLV pode causar diferentes sintomas o
acompanhamento médico é essencial.
7. O HTLV pode causar leucemia?
Sim. O vírus tem sido reconhecido como causa de leucemia desde 1981. A
leucemia ocorre predominantemente em adultos, 20-30 anos após a infecção. Existe
um risco maior no desenvolvimento de leucemia nos indivíduos que adquiriram a
infecção pelo HTLV durante a infância.
8. Um portador assintomático pode desenvolver sintomas no futuro?
A maioria dos infectados permanece assintomático. Cerca 1% a 5% destes
desenvolvem leucemia de células T do adulto (ATL) ou mielopatia associada ao
HTLV-1/paraparesia espástica tropical (HAM/TSP), dentre outras complicações.
Lesões dermatológicas são também observadas em portadores.
9. O que posso fazer para manter os sintomas da infecção sob controle?
Os portadores assintomáticos devem fazer acompanhamento médico
periódico anual.
10.Além de acompanhamento com neurologista e exame de sangue quais
outros exames de rotina eu tenho que fazer anualmente para diagnosticar
alguma doença associada ao HTLV?.
Na primeira consulta deve ser realizada a confirmação sorológica da infecção
pelo HTLV-1/2 com testes específicos tais como western blot ou molecular (PCR),
além de sorologia para os vírus da hepatite B, vírus da hepatite C, HIV e sífilis,
considerando que apresentam as mesmas vias de transmissão. A análise da
quantificação do vírus HTLV-1 no sangue, denominado carga viral, traz
contribuição adicional sobre o risco do desenvolvimento de doenças em
portadores assintomáticos.
11.Quem tem a HAM/TSP pode um dia desenvolver a leucemia?
Sim. Existem relatos de desenvolvimento concomitante de HAM/TSP e
leucemia (ATL). A HAM/TSP pode também estar associada a outras
manifestações da infecção pelo HTLV-1 tais como como pneumonite alveolar,
uveíte, artrite, dermatite, síndrome de Sjögren, doença de Behçet, hipotireoidismo,
cistite e prostatite.
12.Gestante portadora do vírus poderá infectar o bebê?
Sim. Existem chances da gestante infectar o bebê durante a gravidez por via
transplacentária ou por meio do leite materno. É recomendado não amamentar no
peito, caso a mãe seja infectada, devido ao elevado risco de infecção que aumenta
após seis meses de amamentação. A alterativa consiste no uso de fórmulas ou de
leite de bancos de leites.
13.Já tem estudos que comprove cura?
Não existe tratamento específico contra o vírus. Porém, as doenças
associadas a infecção pelo HTLV devem ser tratadas precocemente para
prevenção de sequelas e comprometimento da qualidade de vida dos indivíduos.
Estas enfermidades incluem HAM/TSP, uveíte, leucemia (ATL), dermatite entre
outras. O tratamento depende da avaliação especializada tais como neurológica,
hematológica, oftalmológica, etc, e também do grau de comprometimento, tempo
de evolução, além de outras infecções, etc.
14.E em relação a tratamentos para qualidade de vida?
Considerando que qualidade de vida representa o estado de bem-estar físico
e mental dos indivíduos, torna-se prioritário procure manter o acompanhamento
constante para prevenir possíveis complicações.
15.Tenho infecção de urina de repetição, dificuldade de esvaziar a bexiga. A
pulsoterapia vai ajudar nessa questão?
A pulsoterapia tem por finalidade diminuir a inflamação que ocorre na medula
espinhal na HAM/TSP e consequentemente melhora o déficit motor. Desta forma,
pode melhorar o esvaziamento da bexiga e, portanto, reduzir a taxa de infecção
16.Se eu começar a apresentar alguma doença relacionada ao HTLV e
descobrir com antecedência, qual a porcentagem ou probabilidade de
cura?
Não há cura para a infecção pelo HTLV-1, porém o acompanhamento
constante reduz as complicações que podem ocorrer no curso da infecção.
17.Quais são os cenários para o futuro do portador do vírus HTLV?
O cenário envolve medidas de saúde pública, tais como a prevenção da
infecção, com divulgação da importância do uso do preservativo para ato sexual
seguro, a testagem da gestante no pré-natal, campanhas de educação dos
profissionais de saúde